domingo, 8 de fevereiro de 2009

OntEm

Ontem ouvi pela Antena2, a transmissão radiofónica mais aguardada da temporada: a Lucia di Lammermoor do Met de New York. Uma récita envolta em polémica devido à desistência de Rolando Villazón (diz-se por doença), mas 2 récitas anteriores desastrosas, mostram a todos que o que realmente se passa é que o sr. não está nada bem (vou dedicar-lhe um post). E por outro lado o estarem sempre a pôr em causa a vocalidade de Anna Netrebko. Como bem disse Ana Paula Russo num dos poucos comentários à récita com algum sentido, este papel pode ser abarcado por um número mais abrangente de diferentes fach's, dentro dos sopranos. A tradição é que foi requerendo vozes mais de coloratura para abarcar esta personagem, Callas e Sutherland marcam de tal forma a interpretação que são a referência. Outro factor, os americanos sempre apreciaram vozes mais leves, ou seja, de um fach mais lírico em contraste com os alemães e o resto da Europa de leste mais helden fach's. Esta produção havia sido estreada por Natalie Dessay entremeada por Annick Massis, dois Koloratursoubrette franceses. A temporada passada pela alemã Diana Damrau, também ela um Koloratursoubrette e agora Anna Netrebko um lírico (pesadito).
O cast esteve esplêndido salientam-se Netrebko, com um crescente dramático absolutamente assustador e o tenor substituto Piotr Beczala, que já havia sido o Edgardo de Dessay. Depois de tanto se ter escrito sobre os Mi's b falhados dela nas récitas anteriores, notava-se o nervosismo e o pânico na cena da loucura e acabou por não o cantar no final da ária mas cantou um si b dos mais bonitos que alguma vez ouvi. No final da caballeta cantou o mib e fez o Met cair. As pessoas vão ouvir música ou ao circo ouvir acrobacias?
A récita de ontem foi, mais uma vez, transmitida em HD para alguns teatros espalhados pelo mundo. Portugal? nem devem saber o que isso é? porque não fazer o mesmo? vi a ópera do Emanuel Nunes assim (devo dizer em muito má qualidade).
Outra coisa que me ficou de ontem foram os comentários feitos pelos intervenientes portugueses, Ana Paula Russo e um horrível André Cunha Leal.
1ºexiste algo chamado Internet que nos permite ter acesso à informação daquilo que está a acontecer no mundo da lírica, a blogosfera é uma comunidade de discussão a ter em conta;
2ºfalaram do caso do Villazón, como se ele estivesse com gripe, quando o sr. já esteve parado uma vez por causa de graves problemas vocais;
3ºum desconhecimento das transmissões HD do Met e posterior lançamento destas récitas em suporte digital Dvd ou outros;
4ºcomentários e observações de André Cunha Leal de bradar aos céus;
5ºperguntas sem sentido........................
No geral a música muito bem tocada (Dessay disse que a orquestra do Met era a melhor do mundo) bem cantada.
Agora é só esperar pelo Dvd.

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